terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fora Collor

As décadas de 80 e 90 foram períodos de muitos acontecimentos. Momento da história incerto, acabávamos de perder um presidente (Tancredo Neves) vítima de um problema de saúde, repentino e mal explicado. O mundo também passava por mudanças, da bipolarização à globalização capitalista, simbolicamente representada pela queda do Muro de Berlin e a doutrina neoliberalista.



Com a morte de Tancredo, tivemos o seu vice empossado (José Sarney). Logo em seguida vieram as primeiras eleições diretas (real), depois de quase 20 anos de Ditadura. Subiu ao poder, Fernando Collor de Melo. Segundo alguns, apenas um rosto e um nome, capaz de arrebatar votos como nenhum outro candidato na história. Auxiliado por grupos empresariais e a grande mídia, saiu de uma candidatura pequena e inexpressiva para a presidência da república.

Com o objetivo alcançado, arquitetou um dos mais polêmicos planos econômicos do Brasil. Confiscou a renda dos trabalhadores (as cadernetas de poupanças). Já nos anos 90, fez a abertura do mercado interno para produtos importados, seguiu a cartilha recomendada pelos países neoliberais.

A partir daquele momento, foi possível enxergar que o governo Collor deu um tiro no próprio pé. Além do ataque a classe média, com o confisco das poupanças. Forçou o empresariado da época investir sem garantias de lucros, em um momento em que a economia passava por grande crise monetária.

Analistas do período apontavam essas características como os verdadeiros motivos para a cassação do seu mandato à presidência. Collor havia mexido com interesses de pessoas poderosas no país. Dessa forma, não seria razoável afirmar que houve uma comoção nacional sobre o fato. Na verdade, o que aconteceu foi uma articulação de setores poderosos da sociedade que, pressionaram representantes das casas legislativas (Senado e Câmara) pelo impeachment do presidente.
Olhar de indignação?!

Caso emblemático. Mas acredito que o episódio não representou efetivamente o poder do povo, e sim um espetáculo circense na política. Um episódio que pouco contribuiu para avançarmos contra a corrupção nas instituições públicas e privadas do país.

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