quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Um nacionalista como poucos


Em “O triste fim de Policarpo Quaresma”, Lima Barreto conta à história de um personagem nacionalista que leva o mesmo nome da obra literária. Estudioso, Policarpo procurou nos livros respostas para suas perguntas, quase sempre  sobre sua pátria, o Brasil.  Foi desse aprofundamento em descobertas que Policarpo moldou o seu sentimento patriótico pela nação brasileira.


Um homem solteiro, tranqüilo e reservado,   mora com a irmã Adelaide. Sempre que contrariado sobre seu ponto de vista em relação ao Brasil,   agitado e nervoso se tornava. Logo agia em defesa das suas idéias. O tempo todo enxerga apenas os pontos positivos no Brasil e simplesmente ignora os negativos. Em certos aspectos, as idéias dele se assemelham aos discursos dos candidatos a reeleição de hoje. Esses políticos defendem a suas gestões vigorosamente, para os mais desatentos, é difícil acreditar que existam problemas em seus governos. Mas é evidente a existência de um claro cinismo, prejulgam a capacidade do eleitor de saber o que é melhor para si.




Dentre suas idéias, Policarpo propõe à Câmara Legislativa uma modificação de lei, um tanto quanto absurda  é verdade, consisti em substituir a língua portuguesa pela língua tupi.  Segundo ele, a língua original brasileira usada pelos índios e que merece homenagem. É de suma importância que a língua Tupi seja respeitada, e acima de tudo preservada, mas não é o caso alterar de forma tão drástica a língua do país. Projetos mirabolantes de utilidade duvidosa, na prática, são comuns aos nossos políticos. É uma pena que eles não tenham o mesmo fim que Quaresma teve, em seu auge de “inocência”. Nossos políticos sim devem freqüentar os corredores dos manicômios ou prisões, por conseguinte das idéias no mínimo extravagantes.


Ao ver o mal que provocou a si mesmo por conta das atitudes que tomou, Quaresma decidiu conter mais seus impulsos nacionalistas, e refugiou-se em seu sítio, mas não durou muito, quando ocorreu a revolta armada do Rio contra o governo de Floriano Peixoto, Policarpo entrou no conflito em defesa do Estado.


Os rebelados foram presos na Ilha das Enxadas, nosso protagonista ficou responsável por cuidar deles. Vê com indignação homens condenados à morte sem apelação. Defende os injustiçados, mas é punido e também condenado à morte. Constata que a idolatria que cultivava pela pátria contradiz aos interesses menores e mesquinhos dos governantes. O amigo Ricardo tenta o ajudar mobilizando outros amigos, mas estes não atendem ao chamado com receio de represarias. A história deixa no ar a dúvida sobre a morte de Policarpo Quaresma, um ingênuo nacionalista sufocado pelo poder intransigente e reacionário do governo.


Homens como nosso personagem, aparecem constantemente no meio político e social do país, mas como Policarpo, são engolidos pelo sistema político/partidário brasileiro.

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