segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O foco são as ruas

Olá amigos! O texto a seguir é um comentário que fiz  sobre a bela reportagem do jornalista Maurício Hermann na revista Sampa (experimental). Veja a matéria clicando aqui.  O assunto, já faz parte dos meus pensamentos há muito tempo, achei que seria uma boa oportunidade de registrar e compartilhar.



Por Lindemberg Rocha

Nesta edição de Sampa o jornalista Maurício Hermann que, aliás, também é um grande amigo, mergulha no cotidiano de determinado setor da sociedade paulistana. Gente que desperta pouco interesse na maioria da população economicamente ativa da cidade. Viver ao relento, depender da ajuda dos outros realmente destrói a autoestima de qualquer um. Está cada vez mais difícil a sociedade contemporânea enxergar ao entorno de forma humanista toda a desigualdade social que existe em qualquer esquina que passamos. Tais circunstâncias geram o que chamo de "cegueira circunstancial". Normalmente esses “distúrbios” ocorrem próximos a calçadas, viadutos ou praças públicas. Em certos casos, a invisibilidade é total. Talvez, não passe de autodefesa da sociedade, por se sentirem incomodadas com a condição subumana em que moradores de rua sobrevivem, afinal, “o problema não é meu”! Será?


Não damos conta que a quietude perante as mazelas da sociedade, nos remete a mazelas maiores. É preciso agir com solidariedade. Críticas, já ecoam a todo instante. Analisar as trajetórias de vida das pessoas, como fez Maurício, ratifica a urgência de novas atitudes, de ambas: os inseridos e os marginalizados sociais. Na reportagem pudemos descobrir que o carpinteiro Antônio por percalços na vida, a maior preocupação era ter um lugar seguro para passar a noite; ou Vanessa, a mais nova moradora da rua, com apenas dois meses o que é discriminação na pele. Até mesmo, o alegre Billy San, um imigrante da Somália, por conta das guerras em seu país, veio ao Brasil para “viver em paz”.


Taxar essas pessoas de “marginais” é leviano. Mendigos, moradores de rua se não contribuem ao sistema hoje, provavelmente o fez no passado. Quando entrevistado, essas pessoas dizem estar acostumadas com a vida que leva. É dever do Estado e da própria sociedade investigar os motivos que levaram a abandonar uma vida equilibrada, se é que já tiveram .


O que falta em nossa sociedade é sensatez em analisar a problemática humana com mais profundidade, quem sabe ver o mundo com olhos da própria miséria. Dessa forma, enxergaríamos a beleza da simplicidade, ao em vez de enchermos a futilidade do consumo como meta de vita

Nenhum comentário:

Postar um comentário